Aerogeradores eólicos: o que fazer quando atingem o prazo de validade

 
Aerogeradores eólicos: o que fazer quando atingem  o prazo de validade Aerogeradores eólicos: o que fazer quando atingem  o prazo de validade

Mais de 50 parques no Brasil vão alcançar o tempo limite de operação nesta década, segundo a EPE


Se a matriz eólica é renovável, sua operação nem sempre é. A norma IEC 61400-1 recomenda que o projeto de um aerogerador tenha vida útil mínima de 20 anos. Esse prazo é considerado nos cálculos, modelagens, testes em laboratório com protótipos e ensaios de resistência mecânica no campo.


Na hora de decidir o que fazer com um aerogerador que atingiu seu limite de uso e o melhor destino que será dado ao parque eólico, deve-se levar em conta aspectos legais e ambientais; técnicos e financeiros.


"Há ferramentas para monitorar os indicadores de manutenção do parque. Isso ajuda muito na análise das variáveis financeiras e técnicas que vai levar à melhor decisão", destaca Renato Fernandes de Souza, diretor de Desenvolvimento de Software na Energia Automação, empresa que detém a tecnologia proprietária do Dataventus, um dos softwares que cumprem esse papel.


É comum as condições climáticas e operacionais consideradas no projeto diferirem da operação real do equipamento. Mas os 20 anos são um parâmetro e, quando o aerogerador atinge essa marca, há diferentes caminhos a serem seguidos. A melhor escolha vai depender mesmo do monitoramento e análise das varáveis envolvidas.


DESATIVAR OU SEGUIR OPERANDO?


O estudo "Empreendimentos Eólicos ao Fim da Vida Útil", divulgado em fevereiro de 2021 pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), detalha os prós e contras de cada solução quando o aerogerador alcança a marca de 20 anos de funcionamento.


Basicamente, há duas alternativas: aumentar o ciclo de vida operacional do aerogerador ou fazer o seu descomissionamento e a desativação total do parque.


Para manter o equipamento operando, pode-se modernizar o parque por meio de três métodos:

  • EXTENSÃO DA VIDA ÚTIL (também chamada de reabilitação ou retrofit): o objetivo é recuperar ou até incrementar a performance original do projeto, estendendo o prazo original dos componentes. Pode envolver a troca de gerador, caixa multiplicadora, mecanismos de controle de direção ou de frenagem etc. É a melhor solução do ponto de vista ambiental, pois prolonga o uso dos equipamentos. Novas autorizações e contratos podem ser necessários para prorrogar a operação do parque. Também é importante verificar antes se os componentes dos aerogeradores seguem disponíveis no mercado.
  • REPOTENCIALIZAÇÃO PARCIAL: são mantidas a mesma torre e fundação, mas há substituição de grandes componentes, o que permite que o aerogerador eleve sua produção de energia. Com a troca, pode haver aumento do diâmetro do rotor, da potência instalada ou da altura do eixo do cubo. Exige menor investimento do que na repotencialização total, mas o ganho de desempenho também é menor.
  • REPOTENCIALIZAÇÃO TOTAL: leva o projeto de volta à fase inicial do seu ciclo de vida. Há desmontagem e substituição completa do conjunto aerogerador, demolição das torres, descomissionamento de toda a planta original e a implementação de outra configuração, com torres mais altas e turbinas de maior potência, para aumentar a capacidade.

Os principais ganhos são otimização do espaço do parque, aumento da sua capacidade e eficiência, redução de indisponibilidades e menores custos de operação e manutenção. Outra vantagem é que se pode aproveitar parte da infraestrutura do projeto, como estradas, e vender ou reciclar os equipamentos removidos.


FIM DA OPERAÇÃO


Quando a extensão da vida útil ou repotencialização não são opções atraentes, a alternativa que resta é fazer o descomissionamento e a desativação do parque eólico. Nesse caso, é preciso desmontar, descontaminar e dar um destino final aos aerogeradores e demais componentes.


O descomissionamento pode ser feito de diferentes formas, depende das características técnicas e do tempo de operação do parque. É indicado sempre elaborar um plano, em conformidade com as normas legais de segurança e preservação do meio ambiente.


A energia eólica representa cerca de 10% da matriz energética brasileira. Neste ano de 2021, atingiu a marca de 18 GW de capacidade instalada, em 695 parques eólicos e mais de 8.300 aerogeradores, segundo dados da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).

Categories
#EA Ensina
Logo

Energia Automação © 2022 - Site Twdata.