O Brasil está entre os maiores produtores de biocombustíveis do mundo e há ainda muito potencial a ser explorado de forma sustentável, indica estudo da WWF-Brasil
O setor de transportes contribui de forma desenfreada para a queima de combustíveis fósseis e emissões de GEE, os nocivos gases de efeito estufa.Em termos globais, é nesse ramo da economia e da sociedade que as emissões globais têm mais crescido, representando cerca de um quarto do volume de GEE jogado na atmosfera.
Por isso, o emprego de fontes alternativas de energia para os transportes éum desafio globalpara a redução de poluentes e, consequentemente, para o combate às mudanças climáticas. Se o potencial do Brasil para gerar energia limpa já era mundialmente conhecido, um estudo da WWF-Brasil trouxe mais boas notícias.
Projetando diferentes cenários até 2030, o estudo concluiu que o Brasil tem condições de suprir grande parte da demanda interna dos transportes com biocombustíveis. Isso de forma sustentável, sem fazer aumentar o desmatamento nem ocupar áreas destinadas à produção de alimentos.
ETANOL E BIODIESEL
O uso do etanol como combustível no setor de transporte foi o primeiro grande passo do país para a exploração de alternativas menos nocivas ao meio ambiente. A exploração dessa fonte teve início nos anos 1970, com a criação do Proálcool, e foi intensificada após o lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) em 2004, que estimula a produção não só de etanol, mas também de biodiesel.
Hoje o Brasil é o país que tem maior participação de biocombustíveis nos transportes do mundo. Mesmo tendo sido registrada uma queda na sua produção dos últimos anos, o etanol é usado em 49% dos veículos leves e o biodiesel corresponde a mais de 10% do volume de diesel vendido. Pode-se dizer, portanto, que a matriz de transporte brasileira é parcialmente renovável, com potencial para avançar bastante ainda na redução das emissões de gases de efeito estufa.
BIOMASSA
A redução de poluentes na atmosfera ocorre porque a biomassa que dá origem aos biocombustíveis absorve o CO2 emitido na sua queima. Segundo explica o estudo da WWF-Brasil, a redução nas emissões deGEE varia de acordo com o tipo de biocombustível e o combustível fóssil que ele substitui.
Embora haja diferenças nesses cálculos, dependendo da metodologia usada, é certo que o uso de biocombustíveis permite reduções significativas das emissões de gases de efeito estufa, especialmente quando produzidos de maneira complementar a outras atividades agrícolas ou a partir de resíduos.
Além da cana e da soja, são consideradas como fontes de biocombustíveis a palma e a macaúba, que, somando-se às duas primeiras, geram cenários ainda mais otimistas para o Brasil em termos de sustentabilidade e alcance de metas de redução de emissão de CO2 na atmosfera.
VEÍCULOS ELÉTRICOS
O estudo não considera, porém, a utilização de biocombustíveis como uma solução definitiva ou a única possível diante da emergência de reverter as mudanças climáticas. É assinalada a importância de se investir também em outras ações, como investimento em veículos elétricos; a diversificação dos modais de transporte, com a expansão de ferrovias e hidrovias; o aumento da eficiência energética veicular; a expansão do transporte público nas cidades.
Mesmo com outras estratégias em curso para diminuir o uso de combustíveis fósseis, os biocombustíveis podem continuar tendo papel importante. Segundo o estudo da WWF-Brasil sinaliza, são uma alternativa promissora de transição até o país conseguir implementar outras ações, como a eletrificação das frotas, por exemplo.
